Temática

Interculturalidade e Sensibilização à Diversidade Linguística (Éveil aux langues): desafios e oportunidades para os contextos de educação formal e não formal

Gerir e valorizar a paisagem linguística e cultural das sociedades é um dos maiores desafios do nosso tempo, nomeadamente devido à relação imbrincada entre cultura(s), língua(s) e identidade(s). De particular interesse neste contexto é como os indivíduos negoceiam as identidades através das línguas e culturas, e como as identidades sociais, linguísticas e culturais são coconstruídas nas e através das interações sociais, tendo em conta que os indivíduos mobilizam ‘complex linguistic repertoires’, literacy varieties, life trajectories and ‘linguistic and cultural belongings’ (Blommaert, 2010). Desta realidade ressalta a importância de se considerar conceitos como voz e participação e de reconhecer a existência de relações de poder que ocorrem nas interações entre sujeitos, tanto nos contextos educativos como na sociedade em geral.
Do ponto de vista educativo, esta perspetiva desafia as escolas, os professores/educadores, os próprios alunos, as famílias e tutores, decisores políticos e outros membros da comunidade a coconstruir a educação como um espaço intercultural dialógico, e a agir conjuntamente de modo a tornar a diversidade uma parte natural e legítima do ambiente de aprendizagem e, de um modo mais geral, da vida em sociedade. Construir ambientes educativos que salvaguardem e incluam todas as línguas e culturas do indivíduo é fundamental para o desenvolvimento do “bem-estar linguístico” de todos os alunos, o que implica a necessária implementação de iniciativas inovadoras e de abordagens criativas, capazes de fazer face e ultrapassar resistências, dificuldades e não-respostas.
Este 8.º Congresso da EDiLiC pretende ser um fórum para o diálogo entre todos aqueles interessados pela investigação centrada nas ligações entre a interculturalidade e a sensibilização à diversidade linguística (éveil aux langues), tanto em contextos educativos formais como não formais.

Os seguintes subtemas e questões orientam a submissão de propostas:

Subtema 1 – Pedagogias interculturais e sensibilização à diversidade linguística

Este subtema relaciona-se com as interseções entre a interculturalidade e o plurilinguismo e, consequentemente, considera as conexões entre a educação plurilingue e intercultural. Entre outras, são estas algumas possíveis questões orientadoras: Como são exploradas as ligações entre línguas e culturas, na educação, em contextos formais e não formais? Como estão as diferentes instituições sociais a reforçar a interculturalidade e a consciência da língua? Que abordagens teóricas são adotadas para trabalhar a relação entre a interculturalidade e a sensibilização à diversidade linguística na educação?’ Qual o papel das pedagogias críticas e de conceitos como de voz, participação e empoderamento? Como é que a cultura estrutura ou é expressa através das abordagens plurais? Até que ponto as línguas e a identidade linguística são componentes essenciais da educação intercultural? Até que ponto a abordagem “éveil aux langues” promove uma perspetiva dinâmica das culturas e das interações sociais? Como estão a ser desenvolvidas as identidades e práticas linguísticas e culturais num diálogo com projetos educativos na/da comunidade? Como se conceptualiza o conceito de mediação (intercultural) e de que forma é utilizado como ferramenta educativa? Qual o papel dos mediadores da comunidade nos contextos formais e não formais? Qual o papel dos intercâmbios Internacionais e da imersão em comunidades culturalmente diversas no desenvolvimento da consciência intercultural e plurilingue do sujeito?

Subtema 2 – Políticas linguísticas educativas, escolas e educação não formal

Este subtema tem em consideração os níveis macro, meso e micro da educação plurilingue e intercultural enquanto política. O seu enfoque centra-se nas funções de mediação das escolas e de outros contextos educativos e no papel dos professores/educadores e dos decisores enquanto construtores de políticas educativas e do currículo.
Uma lista de possíveis tópicos a serem discutidos poderia incluir o seguinte: Como é que a educação plurilíngue e intercultural, enquanto política, está a ser interpretada, conceptualizada, negociada e (re)construída em / por escolas e outros contextos educativos? Que diálogos existem entre contextos formais e não formais (escolas, famílias, parceiros locais, instituições culturais…) e que percursos de aprendizagem estão a ser promovidos e apoiados? Qual é o entendimento de educadores e professores (de todas as disciplinas e níveis de ensino) sobre as implicações educativas da diversidade linguística e cultural? Como é que as línguas e culturas dos alunos são legitimadas através do processo de ensino? Que abordagens inovadoras, que tomam em consideração as línguas e as culturas, estão a ser desenvolvidas no ensino de línguas e na educação em geral? Como está a ser observada e documentada a aprendizagem? Que metodologias inovadoras de avaliação estão a ser incrementadas atualmente?

Subtema 3 – Formação e desenvolvimento profissional de educadores / professores no ensino de / para a diversidade linguística e cultural

Este subtema centra-se na formação inicial e contínua de professores para trabalhar na e para a diversidade linguística e cultural, estabelecendo uma ligação com as políticas de formação e desenvolvimento profissional de professores. Algumas questões norteadoras podem ser: Como é que os programas de formação inicial e contínua preparam os professores para trabalhar com turmas linguística e culturalmente diversificadas e ensinar para a diversidade nas sociedades contemporâneas? Que quadros de referência e abordagens têm sido privilegiados? Qual o papel das abordagens plurais das línguas e culturas neste contexto? Que desafios enfrentam os formadores de professores e outros profissionais de educação ao desenvolverem pedagogias plurilingues e interculturais na formação de professores ou no ensino superior em geral? Como desenvolver a formação de formadores de professores e de outros profissionais em instituições de ensino superior nesse âmbito? Em que medida as decisões na formação de professores estão em linha com os resultados da investigação sobre as abordagens plurilingues e interculturais? Qual é o papel da investigação participativa desenvolvida por professores para a melhoria das práticas de ensino e de formação? Que oportunidades e redes de aprendizagem profissional estão a ser fomentadas?

Com a finalidade de contribuir para a partilha e a discussão do conhecimento produzido na área da Interculturalidade e da sensibilização à diversidade linguística e cultural (éveil aux langues et aux cultures) em contextos educativos formais e não formais, investigadores, professores e outros atores educativos são convidados a apresentar os seus trabalhos neste 8º Congresso EDiLiC. A participação é possível através da apresentação de comunicações, oficinas, painéis (3 comunicações sobre um mesmo tópico) e pósteres.